terça-feira, 25 de maio de 2010

Sinto... Tenho...

Sinto vergonha de mim por ter sido derrotado pelas virtudes dos meus vícios e pela ausência da sensatez no julgamento da verdade.

Tenho vergonha de mim por ter sido negligente nos caminhos eivados até ao desrespeito para com outrem.

Sinto vergonha de mim pela apatia em ouvir, sem despejar o meu verbo preferido as vezes que sempre desejei.

Tenho vergonha de mim pelas tantas desculpas pronunciadas pelo meu orgulho e minha vaidade.

Sinto vergonha de mim por ter tanta falta de humildade para autenticar um engano cometido por mim.

Tenho vergonha de mim por conter tanta teimosia em esquecer a antiga posição de quem sempre contestava.

Sinto vergonha de mim por patentear uma impotência envolta de uma grande dissimulação, da inexistência de energia, das minhas deceções e do meu cansaço arcaico.

Tenho vergonha de mim por ter enrolado a minha mente na pecaminosa mágoa de pensamentos alheios.

Sinto vergonha de mim por ter triunfado, mesmo sem prosperar a injúria, de deixar crescer a iniquidade dentro de mim.

Tenho vergonha de mim por pensar que foi tão árduo agigantar-me ao longo dos anos, e numa simples noite, foi tão fácil tornar-me tão diminuto.