domingo, 8 de fevereiro de 2009

Uma tão precária omnisciência

A minha grande ilusória realidade é edificada por uma infinidade repleta de partículas autênticas, verídicas, tão inundadas de transparência. Os sonhos trespassaram-me e voaram libertinamente para um destino tão desnorteado, tão incerto. Levaram consigo o meu tão amedrontado riso, o meu tão crédulo olhar, o meu tão recatado toque, as minhas tão aprazíveis palavras, o meu tão ofegante fôlego e a chave do meu tão enclausurado entendimento. Levaram-me tudo o que a mim me pertence, levaram-me a mim, a omnisciência do meu sujeito tão autenticado. As minhas capacidades que a mim são inatas, os meus pensamentos desfragmentados, os meus anelos desejados, as minhas certezas delineadas e as minhas memórias vivazes, levaram-me o desenho de mim que fica muito aquém do seu alcance. Furto? Roubo? Preciso do que é meu, necessito que os meus sonhos voltem sem se se escassearem, numa simples viagem até mim, desconhecendo a sua origem emblemática. Careço a vossa comparência, para revestirem o molde do meu corporal físico. Não consigo viver com a vossa tão fingida ausência… Regressem… 

  
   

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Sei... Quero!

Presentemente, sou o que sou devido àquilo que nunca fui capaz de ser no meu pretérito tão olvidado... Sei o que não quero para mim. Sei o que não quero sentir, o que não quero possuir para que me possa danificar... Sei o que não quero proferir, o que não quero avistar, o que não quero desenhar e edificar... Sei que não quero sofrer mais. Sei! Finalmente sei o que quero! Quero ser o impensável, o que jamais cogitei ser! Quero! Quero ficar na ânsia de poder fantasiar e sonhar... Divagar e entreter-me no meu entendimento, ser o que nunca fui! Sei e quero! Sei que quero partir em inúmeras embarcações... Sei que não quero naufragar! Quero acarretar comigo todas as minhas virtudes e feitios, quero abarcar todos os meus anseios num só desejo! Sei! Sei do que falo, sei que não me quero amargurar naquela tão entardecida peripécia! Quero ser eu! Quero flutuar no meu âmago, fazer do infinito algo palpável, sobrevoar céus inatingíveis! Sei e quero! Quero deixar de subtrair e dar lugar à soma dos meus sonhos repletos de veracidade, ser a minha própria sombra que me acompanha sem me entristecer! Ser aquele reflexo tão fiel e tão nítido... Sei e quero! Sei que me quero invadir no meu espírito neste tempo tão amaldiçoado! Sei... Quero!