quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Changing

Sinto uma estranheza bastante bizarra por sentir que hoje estou muito contente por ter estado triste e que esse sentimento fez de mim um ser contente.

Perante tantas adversidades e contradições, deixei que acontecimentos taciturnos e peripécias melancólicas moldassem toda a minha índole e na maioria das vezes, descartei constantemente a hipótese de tentar e querer mudar, porque pensei que ao fazê-lo, estaria necessariamente a perder.

A impossibilidade de determinadas circunstâncias fez-me ambicioná-las ardentemente, porque a perda acaba por nos fazer com que valorizemos aquilo que não temos.

Este desejo de mudar reacendeu paixões adormecidas, despertou o gosto pelo inexplorado, pelo arriscado, pelo inexperimentado mas fiquei amedrontado, violentamente assustado.

A minha vida pediu gentilmente que eu mudasse, que os meus sonhos se alterassem, que as minhas convicções se modificassem e na tentativa de o fazer, quis continuar a ser fiel ao desenho de mim mesmo.

Preso às amarras da infelicidade e cansado de tanta resistência, finalmente aniquilei as forças internas que me impediam de mudar sem pestanejar. Parei de esperar pela felicidade sem esforços e deixei de exigir do outrem aquilo que muitas vezes nem eu conseguia conquistar.

Sinto-me honradamente orgulhoso por ter trabalhado arduamente para a construção da minha felicidade que outrora julgava perdida, para que possa reinar sem pudor.

A essência de toda esta vontade de mudar manifestou-se vincadamente e tornou-se numa grandiosa e maravilhosa revelação para mim próprio.

Jamais temerei as contrariedades da vida, pois a minha robusta e renovada alma impedirá qualquer desejo, qualquer querença, qualquer tenção que tenha como primordial objetivo fazê-lo.


terça-feira, 29 de julho de 2014

Completamente incompleto

Onde foste parar, metade do meu todo? Metade foi, metade ficou e o todo divido ficou… Sou um feito de dois? Onde foi um, onde foi o outro? Repartido fiquei, fragmentado estou… Levaste-me inteiro mas parte ficou, parcialmente fiquei, totalmente estou… Sou apenas singular? 



quarta-feira, 23 de julho de 2014

Summer


És ouro, és fogo e ardes em mil sóis.
És luminoso, és bronzeador e aqueces qualquer sorriso.
És brilhante, és pitoresco e anuncias sempre a tua chegada.
És quente, és apaixonante e derretes qualquer gélida vontade.
És fascinante, és encantador e roubas todas as atenções.
És desavergonhado, és escaldante e fazes despir qualquer corpo.
És perfumado, és doce e satisfazes todos os anseios.

És fugaz, és apressado e desmaias qualquer brisa.

És glamoroso, és galante e tresandas a sensualidade.

És manhoso, és ousado e transformas tudo o que te circunda.

És assertivo, és convincente e persuades qualquer desejo.

 
 

terça-feira, 29 de abril de 2014

Diluído sobre os quatros elementos

Sou grandiosamente colossal, um relâmpago nas tenções abstratas e abrasamento incapaz de se abolir, uma chama ardente que jamais o vento consegue ora apagar ora estimular.

Sou como rumos extensos e perduráveis, feito de afeições adjacentes com diversas capacidades de sobrevivência. Sou o mapa das estradas desconhecidas, conhecedor de caminhos nunca antes passeados.

O universo é o meu areal, desmedido nas paixões e deleitoso no amor que se dilui nas ondas que se desfazem nas falésias. Sou sereno e terno, aquele que é a favor da subsistência do indefinido.

Sou uma ameaça para o enfado, um eterno passageiro que o que mais aprova nas suas viagens é a emoção das partidas, o seu trajeto e não o propósito.


Sou transparente, sou a expansão e a flexibilidade em forma de ar, aquele que sopra calmamente capaz de arrepiar qualquer superfície humana, aquele que é inconstante e inesperado, sou uma aragem e um vendaval.



quinta-feira, 3 de abril de 2014

Felicidade minha

Chegas mesmo sem chegares
Apareces mesmo sem apareceres.
Surges no sossego da noite,
No alvoroço do dia,
No súbito das horas.

Admiro-te à distância
És algo que se recusa a ser engaiolado.
Vejo-te desprendida, libertina, feroz
Atinges vagarosas mas tão rápidas velocidades
E a tua graciosidade é uma singela forma de te ter.

Enroscas-te nos pingos chuva
Que fazem purificar até as almas mais negras.
Por vezes cais e fazes magoar
Para acordares o que estava adormecido
Para te cingires na minha índole.

Não te consigo definir,
Não te consigo chamar.
Não tens nome, nem tens designação.
Surpreendes e fazes surpreender
E em pouco dizes tudo.


sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Dia 14 de fevereiro

Hoje é dia…

Hoje é dia 14 de fevereiro de 2014…

Hoje é dia 14 de fevereiro de 2014 e este é o dia dos loucos amantes, dos desmedidos apaixonados, dos eternos enamorados.

Hoje é dia 14 de fevereiro de 2014 e este é o dia dos amargurados solteiros, dos tristes solitários, dos desesperados seres.

Hoje é dia 14 de fevereiro de 2014 e este é o dia dos singelos amores, das vincadas paixões, dos marcantes enlaces.

Hoje é dia 14 de fevereiro de 2014 e este é o dia das calorosas palavras, das vivazes aragens, das límpidas celebrações.

Hoje é dia 14 de fevereiro de 2014 e este é o dia…

Hoje é dia 14 de fevereiro de 2014…

Hoje é dia…


Hoje é simplesmente mais um dia em que tentarei presentear a nossa singular, ímpar e inigualável união com momentos, gestos, palavras que nunca serão esquecidos!


quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Mediocridade humana

Deambulando num universo em que a simplicidade é a mais condenada, em que a autenticidade é a mais invejada, em que o miserável é o mais dependente e em que a moral é a mais nefasta, consegue-se absorver um odor que transporta insensibilidade e mediocridade. Repleto de falsa modéstia e de vazias ações, o ser contemporâneo, desprovido de sensatez, tende a saber menos do que pensa e tende a errar mais do que calcula. Ele permanece pouco neste universo e nem se apercebe que tem pouco tempo de deixar de ser precoce, impetuoso, insignificante, invejoso. Não tem tempo para testemunhar determinados acontecimentos, não tem tempo para presenciar certos feitos e apenas sofre, inveja e, erra o insuficiente para aprender. A inveja provém do ser que ambiciona a felicidade alheia, as virtudes insaciáveis, nutrindo um sentimento tão perverso que nem tem tempo para se aperceber que é tão triste carregar tamanha repugnância, tamanha melancolia, tamanha dor. Tentando encontrar um responsável para acarretar com as consequências das suas errantes ações, tentando engaiolar o progresso e o sucesso do outrem para que se possa engrandecer, tentando encobrir a frustração que sente para que os seus heróis não o impeçam de caminhar, tentando desejar o fracasso dos mais frágeis, jamais encontrará a verdadeira essência de um ser genuíno, puro e autêntico.


terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Recém-nascido

Entre as cortinas desse ano tão acarretado e apetrechado de dissemelhantes acontecimentos, entrevejo a anunciação fresca do seu irmão mais novo, pronto para começar a descortinar uma renovada aventura. Infiltrar-se-á sem permissão e debruçar-se-á na estranheza do seu desconhecido objectivo, nunca podendo apelar ao auxílio do seu ilustre mestre, pois quem tem que subir ao trono e reinar é ele, o novo e inocente ano. Seguirá, certamente, as pegadas do seu irmão mas terá que desenhar outras, mesmo que recorra à analogia do mesmo, desinibindo-se e despindo-se de medos e temores pois ninguém o censurará. Ingénuo e amedrontado, inexperiente e aprendiz, desejoso de anseio, tentará ressalvar os bons e os maus feitos que o seu envelhecido irmão lhe cedeu, fazendo com que ambas as contrariedades se convertam em memórias infinitas, diluindo-se, então, numa navegação de aprendizagem, cheia de malas e bagagens. Quando ele nascer, quando ele desabrochar e souber que todos dependem dele, com tamanha responsabilidade, mergulhará nos desejos da humanidade universal e decerto que encontrará o meu: pontapear choros tristes e acautelar risos contentes, vincando a alegria de poder viver despreocupadamente, sendo feliz infinitamente.