terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Recém-nascido

Entre as cortinas desse ano tão acarretado e apetrechado de dissemelhantes acontecimentos, entrevejo a anunciação fresca do seu irmão mais novo, pronto para começar a descortinar uma renovada aventura. Infiltrar-se-á sem permissão e debruçar-se-á na estranheza do seu desconhecido objectivo, nunca podendo apelar ao auxílio do seu ilustre mestre, pois quem tem que subir ao trono e reinar é ele, o novo e inocente ano. Seguirá, certamente, as pegadas do seu irmão mas terá que desenhar outras, mesmo que recorra à analogia do mesmo, desinibindo-se e despindo-se de medos e temores pois ninguém o censurará. Ingénuo e amedrontado, inexperiente e aprendiz, desejoso de anseio, tentará ressalvar os bons e os maus feitos que o seu envelhecido irmão lhe cedeu, fazendo com que ambas as contrariedades se convertam em memórias infinitas, diluindo-se, então, numa navegação de aprendizagem, cheia de malas e bagagens. Quando ele nascer, quando ele desabrochar e souber que todos dependem dele, com tamanha responsabilidade, mergulhará nos desejos da humanidade universal e decerto que encontrará o meu: pontapear choros tristes e acautelar risos contentes, vincando a alegria de poder viver despreocupadamente, sendo feliz infinitamente.


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