quinta-feira, 18 de junho de 2009

Num avizinhado destino

Cerro o meu olhar por momentos súbitos e sem balbuciar e, colidir com os meus áridos pesadelos, debuxarei o meu próprio retrato tão contente, desenharei os meus feitos tão inspirados, projectarei as minhas fragrâncias tão profundas e traçarei as minhas brisas tão sibiladas.
Tentarei ser trovador ao devanear pelo meu areal, perto da maresia tão angelical e do céu guardador de imensas histórias ardentes, fantasias incendiadas e contos abraseados, fazendo versejar cada desejo, cada essência, cada sonho.
Os silêncios mudos que serão sentidos com o meu olhar, abarcarão toda a natureza dos meus sentidos e contemplarão todo o meu mecanismo rumoroso e enterrado na minha areia dourada e quando o desenterrarei, avistarei o meu rosto a sorrir naquele oásis tão ansiado.
O meu sol esborratará todos os meus desconhecidos sonhos e fará desabrochar todos os meus recantos invulgares, arrepiando a minha condolente alma, autenticada por uma nuance de trilhos incontornáveis, confundíveis e cerrados à minha personalidade.
Quererei a minha vida cheia de cor, intensificando, redobrando e avivando o meu mundo petiz repleto de risos elogiados, gargalhadas aplaudidas e sorrisos louvados, fazendo da imaginação a minha realidade.


sexta-feira, 12 de junho de 2009

Lábios meus

Lábios meus, cerrados e enclausurados ao recear pelas palavras a proferir, inundados de posturas inopinadas e reflexões inesquecíveis. Lábios meus, tenebrosos e aprisionados, guardadores de verdades prevalecidas, que receiam clamar pela inocência das complexidades da vida. Lábios meus, silenciosos e isolados que estremecem ao avistarem a mentira acanhada, abastecidos por sonhos escassos e caminhos riscados. Lábios meus, apaixonantes e voluptuosos ao descobrir a sensualidade dos beijos deleitosos e do calor de cada aconchego. Lábios meus, afáveis e risonhos ao habitar no contraste de lágrimas brotadas, invadidos pela linguagem anelada de profundas memórias. Lábios meus, harmoniosos e fantasiosos ao recear pela beleza sedutora, regados pelo mel que se alastra na sua cor tão rosada. Lábios meus, enaltecidos e soberbos ao bramar pelos intrusos traços, cercados de inspirados sabores e caminhados por língua preguiçosa. Lábios meus, merecidos e rendidos, capturando fascínios consagrados, fabricados pelo calor incendiado e aferrados por viagens ensandecidas. Lábios meus, entorpecidos e amedrontados ao temer o adormecido universo, robustecidos por contrários odiosos e aspirantes sofredores. Lábios meus, espirituais e intensos, encaminhados pelos cavados delineamentos e guarnecidos pelas puras glórias, vertendo fracassadas paixões.




sexta-feira, 5 de junho de 2009

Coração ruidoso

Bate bate sem parar, nunca cessa e nunca se ausenta. Bate bate como louco, nunca descansa e nunca se abala. Bate bate sem repousar, nunca omite e nunca se comanda. Bate bate e… Era uma vez um coração endurecido e medonho, refém de uma doce prisão, gélida e grisalha, de tanta desiludida paixão. Prisioneiro de uma batalha sem fim, ilude-se com tanto ódio rancoroso, de acesso interdito, envidraçado e saturado que se abolirá com tantos destruídos sonhos. Viaja viaja sem destino, perde-se mas nunca cogita. Viaja viaja sem propósito, desnorteia-se mas nunca acalenta. Viaja viaja sem desígnio, padece mas nunca falece. Viaja viaja e… Era uma vez um coração destruído e fustigado, mas nunca desistindo, bate bate, viaja viaja e sem nunca se renunciar, sorri e brilha, desejando viver por mais e mais, voando e voando, à espera de uma célere aterragem atenuada, pousando de um jeito deleitoso no pilar da gloriosa honra, clamando os mais grandiosos vocábulos sem nunca tropeçar nas palavras a proferir.