sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Visão natalícia inalterada

Nesta modernidade tão presente, o conceito dessa quadra tão proeminente que é o Natal, em conjunto com as suas tradições envelhecidas, escasseia-se com o decorrer do tempo, desviando-se das esperanças renovadas e hábitos esquecidos, unindo todos os seres numa conspiração de amor autêntico.
É uma festividade que não só proporciona às crianças uma felicidade reluzente como também um fascínio aos mais crescidos, ansiando pela época mais cintilante e desejada de um calendário tão perceptível.
Sendo algo superior a uma mera data, nessa etapa repleta de espírito rejuvenescido, os antagónicos da negrura, das tragédias, das separações e dos dissabores cobrem uma brisa tão fulgurante fazendo chegar a cada ser um sentimento tão verídico, tão fiel.
É a época mais luminosa do ano traduzida num brilho que provém de qualquer coisa que se mova e que se debita na chama dos nossos corações. Inalam-se essências distintas, aromas característicos, presencia-se rostos cintilantes, vestígios deslumbrantes e testemunha-se um ambiente enfeitiçado, impetuoso.
As correrias das pessoas que trespassam a irrealidade para elaborarem o Natal perfeito, gere uma agitação incompreensível nos arruamentos tão pormenorizadamente decorados, pois muitas delas não param para pensar nessa celebração, pensando que a grandiosidade da mesma é a preferível, que o dispendioso é o mais relevante e que o que leva mais tempo é o que mais permanência tem.
Enquanto muitos sufocam por impaciência da demorada época, no calor humano que cada lar contém, é tão evidente a alegria que cada ser nutre, com as suas famílias aglomeradas porém outros não têm como partilhá-la pois a solidão tem desses fenómenos, destrói-nos e nessa altura tão vincada ficamos rendidos a um sofrimento gélido e solitário.
Não há Natal ideal, nós é que decidimos criar como reflexo dos nossos valores, anseios e esperanças, uma noite mágica que se abala repentinamente.
Que assim sejamos felizes para todo o sempre e que o Natal brilhe para todos!

Um Feliz Natal!


quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Saudade pede passagem

Sinto saudade desde que te vi, sinto saudade mesmo quando estava contigo, sinto saudade desde que te abalaste, deixando-me abraçado à tua ausência. A saudade é um estado de espírito que é bom de se sentir, de se viver, implica desejarmos que o tempo regresse ou… Que passe repentinamente! Em nenhum momento a saudade fugiu da lembrança do teu rosto e eu aqui estou, ansiando pela reapresentação de cada capítulo presenciado contigo ou… De cada capítulo que o futuro nos possa propor. Não posso quantificá-la, não posso dimensioná-la, mas posso atenuá-la com o meu sorriso arrebatador, convertendo esse sentimento cansado mas irrequieto numa força imperceptível que deixaste nos meus ombros destemidos. Essa saudade atormenta mas não assusta e os meus dias apesar de tristonhos são felizes, por saber que estou tão perto do que era tão longínquo.


quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Empobrecidas mas majestosas palavras

Do inesperado momento trouxeste o esperado desejo que, tão longínquo do meu sonhar, ficou tão perto do meu crer. Acarretei diversas fantasias e por elas ansiei, tornarei uma infinita, para contigo presenciar. Tanto para proferir, tão pouco para escrever, resta-me então saborear, a alegria dessa felicidade peculiar.



quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Inócua ventura

Do meu olhar rebolou uma lágrima jovial afivelada por um fio de segredos escondidos, dispersos mas contentes. Percorreu a verdade que me impedia de marchar, escorrendo pelo manto do meu persuasivo rosto, esvaindo-se nos meus lábios, selados pelos sinais de uma prematura alegria, guardiões do meu robusto interior. Auferiu profundeza no que parecia tão aparentemente superficial, avultou-se no meio de diminutas melancolias, levando consigo os fragmentos que enegreciam os meus ilustres pensamentos. Enfadada do mal eterno que as minhas passageiras tristezas causaram, vozeou pela equidade de um inquestionável merecer, aclamando pela ausência de desacreditados desejos, agregados à mediocridade do meu pretérito tão esquecido. Rebolou deixando vincadas marcas, franzindo um futuro tão próspero, tão aproximado da minha secreta e desconhecida felicidade, aquém dos meus amedrontados e vulneráveis entendimentos.


domingo, 22 de novembro de 2009

Que refinado amparo

Num exuberante e incerto lugar, saboreio um clima requintado e extasiado, onde inalo fusões de fragrâncias adocicadas, onde os meus pés curiosos se deliciam nos pavimentos tão cheios de enternecimento encantado. Divagando pelos seus arruamentos de sonhadas fantasias, em busca de recantos intangíveis, avisto cenários atracados por enfeitiçados pitorescos, tão cintilantes, tão coloridos… Tão irreais! A luxúria de extravagantes desejos paira naquele ar tão suavemente meloso, encadeados por tão harmoniosas reticências, deixando-me perplexo de anseio, ao vislumbrar tão invulgar universo. O meu sorriso resplandecente dominado fica com tão eloquentes figurações, com tão ousadas formas e inusitados feitios, na esperança de que num semicerrar de olhos, tal sonho nunca se dissipe pelas irregularidades de um mundo tão inacabado, tão assimétrico… Tão verídico!


sábado, 14 de novembro de 2009

As minhas contrárias adversidades

A minha existência reina graças à ousadia dos meus errantes tropeços, embora me culpe do bem que não fiz.
A minha proeza impera devido à audácia dos meus fatigantes arrependimentos, apesar das falsas verdades enraizadas em verdadeiras mentiras.
A minha arte de pensar vigora a favor das minhas remediáveis lacunas, porém sinta o sabor de amargadas ocorrências.
A minha sabedoria robustece-se graças ao soltar dos meus engaiolados actos, ainda que me sinta enclausurado às opressões do meu denegrido passado.
A minha autenticidade sobrevive devido à resolução das minhas denegridas escolhas, embora insista em cair no mesmo desacerto assiduamente.
A minha pujança coexiste a favor da sobrevivência dos meus sentimentos amolgados, apesar de perdoar um cruel manuseamento do meu pensar.
A minha altivez perdura graças ao encontro de uma saída nas minhas arriscadas encruzilhadas, porém me sinta seduzido pelas aventuras do perigo.
A minha fantasia vinca-se devido à glorificação dos meus assolados sonhos, ainda que a magia do meu idealizar murchada esteja.
A minha índole permanece a favor da valentia dos meus medíocres fracassos, embora fique intimidado com os suscitados fragores.


quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Anseio desenhado

Numa tela tão puramente ingénua, esbocei as minhas ânsias atenuadas num esvaziado recanto, desenhando esquiços de acreditados sonhos. Delineei naufragadas peripécias, encalhadas histórias e afundadas narrações, perdendo-me nos meus choros contidos e rendendo-me aos meus soltos pensamentos. Ressoando as minhas arcaicas memórias, contornei a saudade do meu riso e tracei os vocábulos inflamáveis para que o proclamar de meros devaneios evocasse o meu rabiscado coração. Com o fiel pincel que nas mãos tinha, cerquei os estilhaços que no tempo se penduraram e no pulsar de uma peculiar fantasia, rasguei os escombros cingidos ao meu intrigado saber. Já nos remates finais, retoquei o meu condiscípulo fundo e na essência de mim mesmo tive o deleite de esperar pelo meu enlaçado sorriso, como presenteio de um rubro futuro.



segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Eterno desconhecimento

Não te vejo, conheço-te…
Não respiras, sinto-te…
Não falas, ouço-te…
Não te expressas, entendo-te…
Não te perfumas, cheiro-te…
Não escreves, leio-te…
Não posas, retrato-te…
Não cantas, cantarolo-te…
Não seduzes, cativo-te…
Não te ris, sorrio-te…
Não sabes, explico-te…
Não vulgarizas, valorizo-te…
Não adormeces, embalo-te…
Não encantas, admiro-te
Não existes, presencio-te!



segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Música maestro!

Perante versos deslumbrantes, a minha silhueta baila ao som de cada consonância inusitada, desenhando o compasso da minha anímica, com solicitude, com glorificação. Entre ritmos inaudíveis, o meu riso alicerçado pela unicidade, lança gargalhadas melodiosas, aprazíveis, felizes e com um toque de supremo encanto, os meus olhos plácidos e penetrantes avistam a aurora desfragmentada em partículas benevolentes. Ao som daquela musicalidade tão harmoniosa, nada é obstante ao meu desejo de querer trepidar no meu insípido intelecto, ambicionando aflorar naquela tão sublime balada, ouvindo a sua tão genuína percussão. Danço mergulhando naqueles poemas tão cheios de exactidão, de rigorosas verdades e nos cantos de cada rima, sorrio solenemente, como se o meu insensato pretérito nunca existisse. 

                                      



quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Tenho medo!

Tenho medo, diversos medos incapazes de se atenuarem!
Tenho medo de ter medo! Tenho medo de temer, recear e de suspeitar algo!
Tenho medo da mediocridade humana que se vulgariza cada vez mais, da sua intolerância, da sua impaciência e da sua denegrição.
Tenho medo e diversos temores!
Temo as viragens, as mudanças, as transformações que se possam cingir nesse mundo tão trivial, tão frívolo e tão desmedido.
Temo viver harmoniosamente com os meus segredos viscerais, temo viver fascinado pelo medo e temo viver com o meu passado refém do meu presente.
Tenho temores e diversos receios!
Receio situações controversas, hesitantes e incertas, por mais que diga que sou o adverso do fracasso, do complexo e do imperfeito.
Receio viver debruçado somente nos meus ignorantes e empobrecidos sonhos, devassando as suas longínquas concretizações.
Tenho receios e dúvidas!
Sinto dúvidas acerca da imperfeição, da desigualdade e da assimetria. Tenho dúvidas em relação aos discursos frios, pérfidos e cruéis, das finalidades dos seus dissimulados remates.
Sinto dúvidas relativamente às minhas demoradas ausências, nessa existência tão dissecada, abominada e tão cinicamente devotada.
Em suma, o meu sonho é devanear pelos meus antagonizados e infindáveis medos!



domingo, 25 de outubro de 2009

Melancólica e entristecida mágoa

Hoje a tristeza é majestade e nela reina os errantes pedaços, derramados pelo meu rosto humedecido. Esvaem-se em lágrimas e como quem o seu salgado saboreia, não coaduna com esta angustiada vivência. Submergindo neste estranho acaso, os gestos enclausuraram-se às amarras da monotonia e os quebradiços sentidos restringiram-se às presas da desconfiança. A solitária solidão sozinha caminha e embebeu-se no debruçado assombro e, por mais que se queira cingir à contente felicidade, a indolência massacra este ansiado desejo. O seu sentido acabou por se apagar e o vazio acabou por se encher… De nada!


quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Destemida convicção

A minha índole contemporânea vestiu-se de manifestos enaltecidos, difundidos pelos meus gestos incrementados e despiu os acanhados controversos, regozijando os enraizados enganos. A vicissitude de me engrandecer deixou-me esperançoso e converteu-me num ser inexorável, visando o alcançado mérito e avassalando o mordaz passado. Num plural de tempos, as minhas convicções ficaram aquém do meu iludido pensamento e medraram em função dos meus comungados anseios, despedindo-se da minha ingénua audácia. O adverso das minhas dores mudas atingiram a voz cabal e na imensidão de um paraíso distante, brotou o meu lúcido expressar.


quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Estrela mestra

Outrora, numa noite magoada, delineei o choro das estrelas, esmagadas pelo sopro estranho das ventanias que as faziam zunir. Murchadas e entristecidas, dispersaram-me subitamente pelo ar, com um presente arruinado e um destino assolado, indo ao encontro de um mar tão incrivelmente apaziguado e rude, simultaneamente. Aquela luz cintilante desaparecera ao mergulharem naquela água tão obscura, os seus ledos risos escassearam-se e os seus gestos de pura formosura ficaram incutidos naquelas correntes tão balanceadas. Cansadas daquele trajecto tão assimétrico, marearam ao sabor da ondulação inquieta, desfalecendo contra o meu areal, vigorosamente, acabando por fragilizar os seus tão autenticados contornos. Do meu refúgio observara-as atentamente, vendo todo aquele penoso percurso, vendo aquele final tão desenhado mesmo antes de começar. Caminhei até junto de uma e de tão amedrontada que estava, ocultou o seu tenebroso e acanhado rosto, o seu corpo tremelicava e os seus olhos semicerram-se. Com um gesto de proeza meu, peguei nela e acarretei-a no meu bolso, até ao meu esconderijo, acabando por enrolá-la no meu caloroso lençol. Ficou contígua ao meu corpo, produzindo mutuamente o ardor que tanto precisávamos e em mim, ficou tingida de novo aquela luminosidade que tanto ambicionava.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Tornei-me

Tornei-me no que nunca havia sido, numa imagem emoldurada, num retrato ornado e numa figuração adereçada, recolhendo apenas as partículas salutares e assimilando os fragmentos desditosos.
Tornei-me no que sou hoje, devido às adversidades que o meu pensamento anunciava, renegando os preferíveis e indulgentes progressos face à minha magoada e ferida alma.
Tornei-me numa representação ofuscante, suprimindo as verdades falseadas e espelhando o meu renovado e inovado ser.
Tornei-me numa posteridade endereçada, agregando o meu arcaico passado e cingindo o meu ingénuo presente, sustentados pelos meus anseios enigmáticos.
Tornei-me, no melhor de mim mesmo.


segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Felicidade emprestada

Retirei do meu bolso sorrisos cheios de gargalhadas joviais e alegres, cheios de vivacidade e genica e, espalhei-os pelo meu céu amanhecido, claro e límpido, desenhando toda a euforia dos meus genuínos e contentes sentimentos. Retirei do meu olhar toda aquela mágoa entristecida cheia de prantos exaltados e embravecidos, cheios de dor e tristeza e, espalhei-os pelo meu lago madrugado, cristalino e transparente, delineando todo o entusiasmo das minhas autênticas e singulares sensações. Apesar das contrariedades da vida adulterarem o meu caminho, hoje, estou feliz!


sábado, 26 de setembro de 2009

Olimpo meu

Em mim habita um recanto para os deuses, possuidores da mitologia grega, arcaica e fantasiada, abarrotadas de tão ilusórias lendas, figurações.
Zeus, rei dos deuses, dono das tormentas injustiçadas, aparece-me na penumbra dos meus pensamentos. Hera, rainha do orgulho, dona do ciúme obstinado, intervém nas minhas pegadas oscilantes. Posídon, rei dos mares, dono das ondas navegadas, orienta-me nas minhas duvidosas rotas. Atenas, rainha da guerra, dona da sabedoria ágil, colabora nas minhas incansáveis batalhas. Apolo, rei do sol, dono das superfícies cintilantes, ilumina todos os meus trajectos desconhecidos. Afrodite, rainha da beleza, dona da paixão ardente, faz de mim um amante do amor. Hermes, rei das mensagens, dono dos secretismos aliciantes, alerta-me para as decisões relegadas. Dioniso, rei da festa, dono das diversões sonhadas, purifica o meu lado festivo.
Roucos de tanto silenciar, de uma orla lá em cima, vigiam os grandes feitos, atenuam as grandes catástrofes; concedem sonhos lúcidos e acordados, abrandam as vigílias mais temíveis; floreiam os mais aureolados jardins, palitam quem os renega.
Quando felizes, o céu tremula, quando tristes, a tempestade flui; quando satisfeitos, o sol fuzila, quando enraivecidos, os ventos zunem; quando melodiosos, as seitas deslizam, quando monótonos, os dias apáticos ficam.


sábado, 19 de setembro de 2009

Estimulante sonho

A promiscuidade passou pela tua mente recatada, pensamentos repletos de amaldiçoados desejos, ofegantes e cobertos de tão acertadas convicções. Os teus olhos acarretados de famintos anseios saltitavam, rodopiavam e nada os fazia descontinuar desse entretenimento coberto de charme, pois a sua inocência converteu-se numa só vontade. Os teus lábios delineavam calor ardente, ternura apaixonante e sorriso humedecido, portavam todos aqueles secretismos acanhados que, junto do meu ouvido, faziam arrepiar todo o meu tiritante corpo. Juntos, presos, aglomerados, unidos por uma paixão irracional, nossos corpos formavam uma só singularidade, uma silhueta abarrotada de gestos sedutores mas subtis e olhares fogosos mas discretos. Um clima erótico, excitante e ardente, onde num roçar de corpos os membros escorregavam porém ficavam sempre entrelaçados, contíguos nesse amor tão almejado, tão puro. Frases quentes se trocavam pelo ar, gemidos silenciosos se pairavam em nossos ouvidos, olhares explosivos se debruçavam em nossos entendimentos, mãos húmidas se agarravam em nossos corpos despidos e contornados por uma brisa suavizada mas quente, com uma chama capaz de se abolir. Com duração infinita, perdemo-nos numa loucura eloquente, suspirada e transpirada, continuávamos com o roteiro pelos nossos físicos, percorrendo todos os caminhos inexplorados, todos os recantos desconhecidos sem que o cansaço saturado prevalecesse sobre as nossas vontades.


sábado, 12 de setembro de 2009

Oh minha natureza

Oh minha natureza! Majestosa e grandiosa, rica e poderosa, possuidora de uma sabedoria infindável, minha musa, minha fonte de inspiração. Simples e sã, nunca atraiçoas, és tu, sem dissimular factos, embora adores lançar equívocos ao ar, sem elucidação perceptivel. Portadora de reconhecimentos e feitos, arca mais sumptuosa do mundo, guardadora de secretismos e riquezas, esbanjas frescura e melodias pelas tuas infinitas e doces brisas. Rainha mais clássica de toda a história, mãe de todas as espécies animalescas, és a protagonista de todas as fábulas e contos, dona de montes e vales, riachos e ribeiras, árvores e plantas. Deusa harmoniosa, pintura mais bela de todas as artes, retratas o som que as tuas ventanias emitem ao diversificar estações, ao mudar cenários e ao alterar cores. Inovadora e decidida, perfeita e libertina, misteriosa e surpresa, estás sempre em sucessão de mudanças aprazíveis e gentis, não fazes barulhos e não percebo os teus progressos. Oh minha natureza! Em ti me deixo embeber, deleitando-me nas tuas místicas capacidades e genuínas faculdades. Em ti me revejo, em ti habito, em ti adormeço, delirando com as tuas valiosas revelações.


quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Palavras tingidas

As palavras dispersam-se. São levadas pelos ventos ferozes e brisas mitigadas, pelas marés buliçosas e ondas aquietadas. As palavras esvoaçam. Partem sem nunca avistar o seu retorno, indo-se em prodigiosas embarcações, sem nunca desenhar o seu rumo. As palavras ouvem-se. Mesmo sem serem pronunciadas, os ruídos hiperbolizados de cada uma escutam-se nos mais calados lugares. As palavras aquecem. Acalentam os mais resfriados medos e amansam os mais fantasmagóricos pretéritos, nunca anunciando o seu desfecho. As palavras magoam. Ferem com as suas castigadas vontades e amaldiçoadas verdades, debruçando-se nas mais fragilizadas almas. As palavras sorriem. Brilham sobre rostos contentes e sorrisos emoldurados, mesmo que sejam o compasso de um pranto apaziguado. As palavras murmuram. Suspiram as tão acertadas e incertas vozes, desejando a verdade que embora longínqua, ambicionam a sua vincada presença. As palavras lembram. Recordam os mais inesquecíveis feitos, apontando as mais rudes lembranças. As palavras sentem-se. Sensibilizam os mais tremidos apaixonados e comovem os mais renhidos enamorados, oferecendo a possibilidade para a mágoa e a amargura ficarem suspendidas nas adormecidas ilusões. As palavras cheiram. Perfumam os mais repugnados vocábulos e pulverizam os mais aromáticos termos, contagiando frases odoríferas.



terça-feira, 18 de agosto de 2009

O primeiro de muitos?



A alegria que sinto é indiscritivelmente explosiva!

Consegui! Sozinho consegui!

A concretização pessoal foi alcançada e será partilhada com os demais seres que se possam, eventualmente, interessar.

É um sonho meu, foi árduo o caminho para chegar até ele mas cheguei! Encontrei-o!

Acreditei nas minhas capacidades, quer sejam elas boas ou não, quer sejam elas valiosas ou não, mas são minhas e como sabe tão bem vê-las, observá-las, palpá-las.

Ouvi isso e aquilo, dei ouvidos somente à minha mente! Levei em diante o que sempre quis e consegui! Os meu dedinhos, os meus grandes companheiros nas viagens pelo papel, os meu amigos que nunca se cansaram, divagaram, deambularam e tornaram-se obedientes. Partilhar 88 capítulos que me dizem respeito, faz-me amedrontar, pois sou um mísero novato no ramo, mas cá estou eu, pronto para receber opiniões, sugestões e críticas, desde que a ofença não seja a primordial arma da intenção de outrem.


terça-feira, 11 de agosto de 2009

Tremida desilusão

A desilusão pesa nos meus ombros, carrego-a todos os dias, cometida por infinitas gentes, gentes que jamais pensaria que algum dia pudesse vir a carregar com os seus intermináveis actos apetrechados de desencantos.
Pensei e deambulei até aos pontos de enlouquecer para tentar perceber se realmente o sucedido desventurado partia de mim, da minha empobrecida e inconsciente alma. Esperneei, mordi os lábios e coloquei a minha mente em constante movimento e não obtive sucesso.
Deixei-me zangar, deixei-me amargurar, deixei-me levar porque na realidade, são essas as diversas funções de um bom amigo, um bom camarada ou um bom companheiro, pois a frieza amolecida, a dedicação prematura e a verdade endurecida são os mais puros constituintes que eles possuem.
Não estou à espera que gostem de mim desesperadamente, não estou à espera que me achem o mais belo de todos e não estou à espera que seja rememorado nas suas mentes, mas honestamente, estou sim à espera que me olhem como sou e não como querem ver, estou sim à espera que apreciem as vitórias alcançadas e não como as nunca alcancei, estou sim à espera que me gostem por aquilo que hoje sou e não como nunca fui e estou sim à espera que atenuem os meus defeitos e não como nunca acentuassem as minhas virtudes.
Sou eu, pedindo por empenhamento dedicado pois um bom amigo nunca poderá ser extinto e igualável e, o silêncio prevalece sempre sobre uma amizade fascinada, acabando por aniquilá-la aos poucos.




terça-feira, 28 de julho de 2009

Mar astucioso

Oh mar, sentado estou eu de frente para ti, a observar-te visceralmente, apreciando todos os teus amovíveis, jorrados, corpulentos e sorridentes choros. Até a mim, envolto do teu borbulhar, trazes todas as palavras ocultas e inacessíveis, dispersas pelas tuas águas engrandecidas.
Oh águas, salgadas e arrefecidas, esverdeadas e azuladas, transparentes e cristalinas, carregas contigo todos os desejos vertidos, voluptuosos e densos, na ânsia de serem ouvidos no mar alto, desejando que o antagónico não seja trazido na desfalecida e serena maresia.
Oh maresia, espumante e esbranquiçada, irrequieta e excitada, ténue e delicada, presencias todos os acarretados sonhos, abarrotados de iludidas veracidades, desejando que sejam retratados conforme te pediram e tu, como certa e autêntica que és, trá-los diluindo-os na ensopada e fresca areia.
Oh areia, prateada e dourada, elegante e espessa, sossegada e plácida, guardiã das mais profundas fantasias, suportas todos os segredos que o mar omite, acartas com as mais pesadas marés e em ti, tudo te assenta, tudo te molda e tudo te enterra, mesmo que as embravecidas ondas te desrespeitem.
Oh ondas, balanceadas e osciladas, brandas e perturbantes, avultadas e exíguas, nada te faz amedrontar, fazes naufragar e fazes encalhar, fazes boiar e fazes flutuar, fazes ondular e fazes serpentear e mesmo assim, nada te impede de actuar, mesmo contra as tuas vontades, deixas para trás os dissabores das embebidas lembranças e trazes contigo o sabor das mergulhadas vivências.


sábado, 25 de julho de 2009

Aflições pontapeadas

Levaste o que de pérfido tinha…
Os meus tormentos perdidos nos demais desencontrados encantos, aqueles que faziam estremecer toda a minha espiritual anatomia;
Os meus silêncios dispersos pelos gritantes vozeamentos, aqueles que faziam estrondear toda a minha mística alma;
Os meus choros espalhados pelos errantes sucedimentos, aqueles que faziam amedrontar toda a minha genuína idealidade;
Os meus pesadelos encalhados nas demais iludidas maresias, aqueles que faziam espantar todo o meu adormecido subconsciente;
Os meus suplícios esbarrados nos demais concedidos céus, aqueles que faziam pasmar toda a minha atrevida curiosidade;
As minhas complexidades diluídas pelas amarguradas tempestades, aquelas que faziam assombrar o meu escurecido pretérito;
As minhas tristezas dissolvidas pelas derrubadas palavras, aquelas que faziam apavorar toda a minha enriquecida imaginação;
E, o peso da minha cadenciada consciência… Foi-se, até ela foi de mão dada contigo, sem hesitar
Obrigado!
Obrigado por teres posto o meu sorriso novamente em constante movimento!


terça-feira, 21 de julho de 2009

As mãos sábias

As mãos…

As minhas mãos…

As mãos que contemplam os mais envolventes carinhos, apreciando a modéstia de cada terna afeição.

As mãos que desenham as mais genuínas sensibilidades, delineando o esboço de cada autêntica susceptibilidade.

As mãos que tecem os mais consoláveis sonhos, bordando o aconchego de cada ímpar imaginação,

As mãos que moldam as mais silenciosas preces, ajustando o som de cada lamentável súplica.

As mãos que agarram os mais dignificados gestos, segurando o teor de cada engrandecida atitude.

As mãos que acolhem as mais erguidas felicidades, albergando a natureza de cada luminoso júbilo.

As mãos que constroem os mais acalentados risos, arquitectando o desenho de cada expansiva gargalhada.

As mãos que estabelecem os mais alheios limites, celebrando as normas de cada abstracto término.

As mãos que escrevem os mais agasalhados verbos, ortografando as letras de cada embrulhada palavra.

As mãos que oferecem as mais saudosas seguranças, presenteando o enternecimento de cada nostálgica certificação.

As mãos que ferem as mais acariciadas ilusões, castigando a imprecação de cada amaldiçoado engano.

As mãos que suportam os mais humedecidos choros, sustentando a tristeza de cada amargurada lágrima.

As mãos que reflectem os mais singulares amores, espelhando o significado de cada peculiar querença.

As mãos que sinalizam as mais suaves vontades, indicando o caminho de cada deleitoso desejo.

As mãos que transmitem as mais deliciadas perturbações, noticiando o adverso de cada aprazida atarantação.

As mãos…

As minhas mãos…

As mãos de um simples velejador que o que mais admira no mundo, é a sua deliberação em divagar com elas, porém assustadas de enfrentar as mais atrozes veracidades.


sexta-feira, 17 de julho de 2009

Estruturado por sonhos

De olhar cerrado vejo os meus sonhos atados ao meu entendimento, debruçados nos meus desejos e incisos no meu querer. Cheios de infinitos enternecimentos, cheios de fulgores momentos e cheios de eternos contentamentos, prometem hilaridade devaneada, pois para alcançá-los é preciso sorrir sem nunca repudiá-los. Sem nunca se esvaírem, viajam sempre ao encontro dos meus fantasiosos delírios, declamando pela inócua alegria e ingénua paixão que residem neles. Assediados pela minha sedutora mente, descortinam de bem longe as mais vastas visões envoltas em brisas místicas, afastando as minhas emaranhadas penumbras porque são elas que pairam assiduamente na minha alma e transtornam o meu modo de peregrinar. Revestidos por exaustiva ansiedade, renegam a passagem aos motivos vazios, aflitivos e nocivos e, assim, o desencanto das avessas ilusões nunca chegam a povoar na minha tão desgostosa realidade.



quarta-feira, 1 de julho de 2009

Destemidos olhos

Quimeras minhas, reféns dos meus tão encantadores sentidos, as mais sumptuosas dos meus tão inquietantes pensamentos porém longe dos meus tão admiráveis olhos.
Esses, vigilantes e curiosos, são eles o adverso do estático, sempre em busca da vivacidade abstracta indo para além do que é imóvel, ganhando coragem para se penetrarem nas mais alheias visões.
Esses, incansáveis e eloquentes, até sorriem de tanto vaguearem pelas mais díspares irrealidades, assimilando o teor dos tão complexos sonhos, cobertos de tão puras veracidades.
Esses, límpidos e genuínos, saltitam nos anseios de quererem nunca acordar, desejando continuar a flutuar no que é fictício, naquilo que a minha mente exprime com o intuito de idealizar as tão surreais reproduções.
Esses, persistentes e lutadores, afastam a tão triste melancolia e a tão amargurada monotonia, desprezando o que é enfadonho e acercando o antagónico das mais fastidiosas realidades e das tão desbotadas ilusões.
Esses, apaixonantes e afáveis, devaneiam na surdez de um acontecimento mas jamais contemplam o rumor do tão fingido mundo, arredando as tão enganosas imagens.
Embora esses se cerrem e emurchecem, a mente ganha robustez acabando por se conectar e viaja instintivamente pelo tão dissimulado mundo, visualizando os mais fantasiados desejosos tornados realidade mesmo que apenas o escuro avistem.



quinta-feira, 18 de junho de 2009

Num avizinhado destino

Cerro o meu olhar por momentos súbitos e sem balbuciar e, colidir com os meus áridos pesadelos, debuxarei o meu próprio retrato tão contente, desenharei os meus feitos tão inspirados, projectarei as minhas fragrâncias tão profundas e traçarei as minhas brisas tão sibiladas.
Tentarei ser trovador ao devanear pelo meu areal, perto da maresia tão angelical e do céu guardador de imensas histórias ardentes, fantasias incendiadas e contos abraseados, fazendo versejar cada desejo, cada essência, cada sonho.
Os silêncios mudos que serão sentidos com o meu olhar, abarcarão toda a natureza dos meus sentidos e contemplarão todo o meu mecanismo rumoroso e enterrado na minha areia dourada e quando o desenterrarei, avistarei o meu rosto a sorrir naquele oásis tão ansiado.
O meu sol esborratará todos os meus desconhecidos sonhos e fará desabrochar todos os meus recantos invulgares, arrepiando a minha condolente alma, autenticada por uma nuance de trilhos incontornáveis, confundíveis e cerrados à minha personalidade.
Quererei a minha vida cheia de cor, intensificando, redobrando e avivando o meu mundo petiz repleto de risos elogiados, gargalhadas aplaudidas e sorrisos louvados, fazendo da imaginação a minha realidade.


sexta-feira, 12 de junho de 2009

Lábios meus

Lábios meus, cerrados e enclausurados ao recear pelas palavras a proferir, inundados de posturas inopinadas e reflexões inesquecíveis. Lábios meus, tenebrosos e aprisionados, guardadores de verdades prevalecidas, que receiam clamar pela inocência das complexidades da vida. Lábios meus, silenciosos e isolados que estremecem ao avistarem a mentira acanhada, abastecidos por sonhos escassos e caminhos riscados. Lábios meus, apaixonantes e voluptuosos ao descobrir a sensualidade dos beijos deleitosos e do calor de cada aconchego. Lábios meus, afáveis e risonhos ao habitar no contraste de lágrimas brotadas, invadidos pela linguagem anelada de profundas memórias. Lábios meus, harmoniosos e fantasiosos ao recear pela beleza sedutora, regados pelo mel que se alastra na sua cor tão rosada. Lábios meus, enaltecidos e soberbos ao bramar pelos intrusos traços, cercados de inspirados sabores e caminhados por língua preguiçosa. Lábios meus, merecidos e rendidos, capturando fascínios consagrados, fabricados pelo calor incendiado e aferrados por viagens ensandecidas. Lábios meus, entorpecidos e amedrontados ao temer o adormecido universo, robustecidos por contrários odiosos e aspirantes sofredores. Lábios meus, espirituais e intensos, encaminhados pelos cavados delineamentos e guarnecidos pelas puras glórias, vertendo fracassadas paixões.




sexta-feira, 5 de junho de 2009

Coração ruidoso

Bate bate sem parar, nunca cessa e nunca se ausenta. Bate bate como louco, nunca descansa e nunca se abala. Bate bate sem repousar, nunca omite e nunca se comanda. Bate bate e… Era uma vez um coração endurecido e medonho, refém de uma doce prisão, gélida e grisalha, de tanta desiludida paixão. Prisioneiro de uma batalha sem fim, ilude-se com tanto ódio rancoroso, de acesso interdito, envidraçado e saturado que se abolirá com tantos destruídos sonhos. Viaja viaja sem destino, perde-se mas nunca cogita. Viaja viaja sem propósito, desnorteia-se mas nunca acalenta. Viaja viaja sem desígnio, padece mas nunca falece. Viaja viaja e… Era uma vez um coração destruído e fustigado, mas nunca desistindo, bate bate, viaja viaja e sem nunca se renunciar, sorri e brilha, desejando viver por mais e mais, voando e voando, à espera de uma célere aterragem atenuada, pousando de um jeito deleitoso no pilar da gloriosa honra, clamando os mais grandiosos vocábulos sem nunca tropeçar nas palavras a proferir.


domingo, 24 de maio de 2009

Sabedoria inexplicadamente explorada

Há quem seja prisioneiro do subjectivismo e isso torna-se numa grande sanção, numa grande desventurada dolência. Mas ainda assim, há quem seja capaz de se libertar dele e isso, quando acontece mesmo por abreviados instantes, é uma conquista para a felicidade, embora traduzida numa fonte indecifrável de conceitos inexplorados.
Há quem seja sábio, íntegro e imparcial, procurando sustentar a amargura com decência e dignidade. Mas ainda assim, há quem tome outros rumos, fazendo com que a sabedoria se escasseie e fique diminutamente abolida, proporcionando um certo descomedimento alucinado de anseios.
Há quem seja fortalecido pela desdita mas em tempos vindouros, aprenderá a apreciar com maior felicidade todos os seus coitados momentos. Mas ainda assim, há quem se vitimize por ser um ser constantemente amparado pela adversidade, pela tragédia, entrelaçando os braços.
Há quem profira que a ventura saboreada é rigorosa, requerendo inteligência afiada, trabalho árduo, energia incomparável e empenho dedicado e com esses requisitos, poderão fazer história e assinalar comparência nesse mundo audaz. Mas ainda assim, há quem não a procure activamente, ficando indiferentemente à espera que um prodígio se incida no outrem. No entanto, há quem chegue primordialmente e se debita antes da sabedoria se tornar aliciante, a entristecida melancolia.
Há quem não consiga definir a sabedoria singela, esse bem tão apetecível mas pode-se falar sobre ela, alegando discrepantes ópticas pelas quais pode ser vista, abordada e entendida. Mas ainda assim, há quem não lute para obtê-la dizendo que a perícia saboreada não é nada mais nada menos que um mero fruto dos seres inteligentes, que somente é contagiada pelos mais fortes e que é uma riqueza que se não quer apoderar dos pobres.


domingo, 17 de maio de 2009

Enfatizado sorriso

Finalmente varri as minhas lágrimas jorradas e ascendeu-se o meu sorriso fogoso, querendo sorrir por um mundo só e continuar a fazer-me reluzir sobre todos os obstáculos mais enevoados.
Chorava a rir, simulando uma fantasia contente e ao espelho via o meu fracasso mas tudo mudou, agora posso emoldurar o meu riso e contagiá-lo com os demais seres que me rodeiam.
Até o sorriso mais escurecido brilha na minha noite de luar, perdura nos meus pesadelos aprazíveis e nos meus sonhos indecorosos, deixando as suas marcas em forma de queimaduras atenuadas.
Até as minhas suspeitas multiplicadas são guarnecidas pelo meu empobrecido júbilo, soltando risos melodiosos, diluindo-se em gargalhadas risonhas e é aí que tento levá-los comigo, na minha mão, para o oferecer a quem lacrimeja gotas suplicantes, repletas de anseios sorridentes.
Chegou a hora de reiniciar os meus choros sorridentes, o meu tão enfatizado sorriso, que se avulta nesse presente tão autenticado.

sábado, 18 de abril de 2009

Soluçando memórias


Vasculhei a minha mente, procurei, revirei e pus tudo do avesso somente para chegar às lembranças que mais me despertaram. De um modo fugaz tive acesso aos meus primordiais momentos, os que comecei a pensar por mim mesmo, colhendo respostas para as minhas dúvidas, amparando e abarcando todas as suposições inconcebíveis que à partida desconhecia.
Aquelas designações repletas de conclusões ambíguas, fez de mim um ser incrivelmente singular e curioso, apto a atingir os mais inatingíveis recantos. Reverenciando trespassar aquilo que era coibido, transformava-se numa adrenalina perigosa mas neutral aos meus olhos, o que fez de mim um ser ávido, que procura aclarar o sentido das coisas, com testemunhos palpáveis, por mais obstantes que simulem ser. Aquelas elucidações infundadas após aquelas situações nefastas para me confortar, nunca me foram satisfazíveis e era por esse descontentamento que procurava saber mais e mais, o mecanismo da vida adulta, os atalhos árduos das pessoas para tentarem explicar o que realmente era simples e foi isso que fez de mim um ser insurgido, capaz de revolucionar os ideais, os costumes e as tradições. Aqueles devaneios que o meu entendimento percorria após uma perda, um dano, um estrago presidiram sempre naqueles momentos hipoteticamente superáveis e era imputado por não ter sabido lidar com aquele ápice, mas sendo competente ao dirimi-lo, fez de mim um ser análogo, similar ao espelho do meu intelecto. Aquele gosto pela complexidade nunca se escasseou, até diluiu-se na minha vida presentemente temporã, mesmo quando até sou a simplicidade em forma de uma folha branca, coberta de nada e de tudo.
De uma forma muito sucinta, mergulhando nessas memórias vivazes, faz de mim um ser complexo? Sei que é nelas que vou buscar o aconchego atenuado para citar os meus mais aprazíveis gestos, puramente genuínos, para engrenar nesse mundo atroz. 




domingo, 8 de fevereiro de 2009

Uma tão precária omnisciência

A minha grande ilusória realidade é edificada por uma infinidade repleta de partículas autênticas, verídicas, tão inundadas de transparência. Os sonhos trespassaram-me e voaram libertinamente para um destino tão desnorteado, tão incerto. Levaram consigo o meu tão amedrontado riso, o meu tão crédulo olhar, o meu tão recatado toque, as minhas tão aprazíveis palavras, o meu tão ofegante fôlego e a chave do meu tão enclausurado entendimento. Levaram-me tudo o que a mim me pertence, levaram-me a mim, a omnisciência do meu sujeito tão autenticado. As minhas capacidades que a mim são inatas, os meus pensamentos desfragmentados, os meus anelos desejados, as minhas certezas delineadas e as minhas memórias vivazes, levaram-me o desenho de mim que fica muito aquém do seu alcance. Furto? Roubo? Preciso do que é meu, necessito que os meus sonhos voltem sem se se escassearem, numa simples viagem até mim, desconhecendo a sua origem emblemática. Careço a vossa comparência, para revestirem o molde do meu corporal físico. Não consigo viver com a vossa tão fingida ausência… Regressem… 

  
   

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Sei... Quero!

Presentemente, sou o que sou devido àquilo que nunca fui capaz de ser no meu pretérito tão olvidado... Sei o que não quero para mim. Sei o que não quero sentir, o que não quero possuir para que me possa danificar... Sei o que não quero proferir, o que não quero avistar, o que não quero desenhar e edificar... Sei que não quero sofrer mais. Sei! Finalmente sei o que quero! Quero ser o impensável, o que jamais cogitei ser! Quero! Quero ficar na ânsia de poder fantasiar e sonhar... Divagar e entreter-me no meu entendimento, ser o que nunca fui! Sei e quero! Sei que quero partir em inúmeras embarcações... Sei que não quero naufragar! Quero acarretar comigo todas as minhas virtudes e feitios, quero abarcar todos os meus anseios num só desejo! Sei! Sei do que falo, sei que não me quero amargurar naquela tão entardecida peripécia! Quero ser eu! Quero flutuar no meu âmago, fazer do infinito algo palpável, sobrevoar céus inatingíveis! Sei e quero! Quero deixar de subtrair e dar lugar à soma dos meus sonhos repletos de veracidade, ser a minha própria sombra que me acompanha sem me entristecer! Ser aquele reflexo tão fiel e tão nítido... Sei e quero! Sei que me quero invadir no meu espírito neste tempo tão amaldiçoado! Sei... Quero! 



terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Fastidioso

Estou cansado de ser o que não sou somente para deliciar os que me rodeiam. Saturado de desvendar o meu sorriso quando tenho a necessidade de choramingar até fazer emurchecer as lágrimas para que não invadam o meu rosto. Farto de sentir o que eu realmente não sinto, fingindo apenas para agradar o outrem. Enfadado de proferir aquelas palavras tão sinceras e certas repletas de dúvidas, incertezas e desacreditadas, massacradas por conveniência. Aborrecido de tanto tentar granjear a minha alma e sentimentos para alcançar o respeito de todos e tornar-me numa pessoa. Sinto-me afadigado de tanto aprender a articular o que realmente não está bem e tornar essa aprendizagem numa mais-valia. Estou cansado de procurar a melhor perspectiva de um cenário tão denegrido. Saturado de repisar as minhas feridas mentalmente vezes sem conta. Farto de me focalizar unicamente nos meus sentimentos amolgados. Enfadado de recalcar no meu desânimo acabando por me submergir na minha própria arrogância. Aborrecido de sentir aquelas dores no corpo que desconhecia da sua existência. Quero passar a acreditar nas pessoas, nas suas atitudes e gestos gentis, apreciar o seu conteúdo e não a sua aparência, quero finalmente converter o pior desfecho no melhor começo e alterar a pluralidade numa grande singularidade mas estou afadigado.



sábado, 10 de janeiro de 2009

Asserção elucidativa

Por mais distorcida e venenosa que uma realidade aparente ser, não há espaço para que os impedimentos e adversidades possam invadir. Por mais cruel e espinhoso que um final dissimule ser, não há lugar para que a infelicidade e os dissabores possam manobrar. Por mais ambígua e caótica que uma posição camufle ser, não há capacidade para que os medos e temores possam agenciar. Por mais corrompido e denegrido que um sonho finge ser, não há território para que a impossibilidade e a inacessibilidade possam povoar. Por mais penosa e pavorosa que uma saudade oculte ser, não há recinto para que a melancolia e o entristecimento possam dominar. Mas, parafraseando majestosamente o que um ser me dissera outrora “não há longe nem distância, vive o momento”, trespassa qualquer realidade, qualquer final, qualquer posição, qualquer sonho e qualquer saudade.