quarta-feira, 1 de julho de 2009

Destemidos olhos

Quimeras minhas, reféns dos meus tão encantadores sentidos, as mais sumptuosas dos meus tão inquietantes pensamentos porém longe dos meus tão admiráveis olhos.
Esses, vigilantes e curiosos, são eles o adverso do estático, sempre em busca da vivacidade abstracta indo para além do que é imóvel, ganhando coragem para se penetrarem nas mais alheias visões.
Esses, incansáveis e eloquentes, até sorriem de tanto vaguearem pelas mais díspares irrealidades, assimilando o teor dos tão complexos sonhos, cobertos de tão puras veracidades.
Esses, límpidos e genuínos, saltitam nos anseios de quererem nunca acordar, desejando continuar a flutuar no que é fictício, naquilo que a minha mente exprime com o intuito de idealizar as tão surreais reproduções.
Esses, persistentes e lutadores, afastam a tão triste melancolia e a tão amargurada monotonia, desprezando o que é enfadonho e acercando o antagónico das mais fastidiosas realidades e das tão desbotadas ilusões.
Esses, apaixonantes e afáveis, devaneiam na surdez de um acontecimento mas jamais contemplam o rumor do tão fingido mundo, arredando as tão enganosas imagens.
Embora esses se cerrem e emurchecem, a mente ganha robustez acabando por se conectar e viaja instintivamente pelo tão dissimulado mundo, visualizando os mais fantasiados desejosos tornados realidade mesmo que apenas o escuro avistem.



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