quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Um ano

Um ano…

Um ano se passou…

Um ano se passou de forma tão…

Um ano se passou de forma tão peculiar que de um modo tão autónomo se incutiu no nosso pestanejar tão evidente.

Um ano se passou de forma tão singular que de um modo tão autêntico se enclausurou nas nossas índoles tão genuínas.

Um ano se passou de forma tão vincada que de um modo tão real se embebeu nos nossos corpos tão contíguos.

Um ano se passou de forma tão histórica que de um modo tão delicado se apoderou das nossas mentes tão oscilantes.

Um ano se passou de forma tão singela que de um modo tão contente se deliciou nos nossos risos tão sinceros.

Um ano se passou de forma tão memorável que de um modo tão inolvidável se deleitou no nosso olhar tão terno.

Um ano se passou de forma tão presente que de um modo tão meigo se absorveu no nosso futuro tão ansiado.

Um ano se passou de forma tão incansável que de um modo tão puro se diluiu nos nossos braços tão enlaçados.

Um ano…

Dois anos…

Três anos…

Uma pluralidade de anos!




sábado, 2 de outubro de 2010

Questionada perfeição

Num desfilar de acontecimentos desiguais que estão debruçados numa passadeira rolante, observo todo o movimento que se faz cingir a uma biografia pictórica e conjuntamente vital.
Acontecimentos peculiares que se enlaçam à nossa memória tão sábia fazem parte da nossa biografia que, se traduzindo num vínculo autêntico, acarreta consigo todo o nosso historial, aquele que nos faz embeber numa nascente tão límpida, tão cristalina, tão translúcida.
Nela consigo avistar todos os nossos desejos mergulhados de forma tão verídica, como reflexo dos nossos inquietantes anseios e simultaneamente consigo avistar as nossas imagens contíguas nesta água que se faz encher de felicidade fantasiada.
A felicidade delicia-se nos nossos rostos tão joviais que, cobertos de tão puras prosperidades, encantados ficam com o vacilante futuro que se faz avizinhar.
O requinte da nossa singularidade é tangível, é palpável, aquém de qualquer iniquidade e o primor da sua estrutura tão fortemente inacessível, alastra-se numa vaidade contagiante a todos os amantes.
Estaremos perto da perfeição?





domingo, 1 de agosto de 2010

Fotografia

Quando olho para aquela fotografia, aquela que provém de uma eventualidade tão certa e tão majestosa, o meu olhar solta sorrisos maravilhados e encantados.

Quando olho para aquela fotografia, aquela que testemunha um passado tão presente, a minha mente fica rendida à voz da saudade.

Quando olho para aquela fotografia, aquela que presencia um gesto tão terno e tão lúcido, as minhas mãos esguias percorrem todo aquele cenário verídico.

Quando olho para aquela fotografia, aquela que emana os aromas de um tão harmonioso acontecimento, o meu nariz inala toda aquela fusão de cheiros tão realmente lembrados.

Quando olho para aquela fotografia, aquela que reproduz um cenário tão inolvidável, os meus lábios saboreiam aquele toque tão fortemente ténue.

Quando olho para aquela fotografia, aquela que acarreta uma visão tão muda mas tão percebida, os meus ouvidos debruçam-se naquele silêncio tão ouvido, tão admirável.


terça-feira, 25 de maio de 2010

Sinto... Tenho...

Sinto vergonha de mim por ter sido derrotado pelas virtudes dos meus vícios e pela ausência da sensatez no julgamento da verdade.

Tenho vergonha de mim por ter sido negligente nos caminhos eivados até ao desrespeito para com outrem.

Sinto vergonha de mim pela apatia em ouvir, sem despejar o meu verbo preferido as vezes que sempre desejei.

Tenho vergonha de mim pelas tantas desculpas pronunciadas pelo meu orgulho e minha vaidade.

Sinto vergonha de mim por ter tanta falta de humildade para autenticar um engano cometido por mim.

Tenho vergonha de mim por conter tanta teimosia em esquecer a antiga posição de quem sempre contestava.

Sinto vergonha de mim por patentear uma impotência envolta de uma grande dissimulação, da inexistência de energia, das minhas deceções e do meu cansaço arcaico.

Tenho vergonha de mim por ter enrolado a minha mente na pecaminosa mágoa de pensamentos alheios.

Sinto vergonha de mim por ter triunfado, mesmo sem prosperar a injúria, de deixar crescer a iniquidade dentro de mim.

Tenho vergonha de mim por pensar que foi tão árduo agigantar-me ao longo dos anos, e numa simples noite, foi tão fácil tornar-me tão diminuto.





segunda-feira, 26 de abril de 2010

Percorrendo um sonho

Na minha amargurada vida germinou uma semente de amor regada por um toque afável de uma brisa enérgica, mudando o sentimento fatigante de uma alma que sofria lentamente.
Um amor que floreou uma paixão em galhos e cachos de flores pitorescos, encantou o nosso olhar primaveril, eloquente.
É sempre tempo de flores mas mesmo que as mudanças e os efeitos das novas estações possam fazer esvoaçar as pétalas que as fazem complementar, elas irão pousar nas pegadas que deixamos ao longo da existência desse nosso olhar, desse nosso amor.
O tempo transformou a inocência dos nossos inseguros passos numa experiente jornada incapaz de romper os nossos sonhos contíguos e juntos flutuamos numa realidade que dá cor ao nosso enlace.
Olho-te e busco em ti a mesma doçura com que me olharas outrora, pois é nos teus olhos que encontro todo o nosso pretérito presente, querendo abundar-se pelo futuro.
Quando o nosso olhar se toca, vemo-nos límpidos e genuínos, ainda que algumas peripécias possam ofuscar o brilho da nossa natureza poderosa.
A chama que outrora queimava ainda permanece acesa e o que ela precisa para impedir de se abolir é a harmonia que teima em querer fazer parte da nossa vida, vivificando o nosso viver.



quinta-feira, 4 de março de 2010

Que primoroso retrato

Nas minhas mãos guardo o riso do teu olhar que, mesmo silencioso e sereno de tanta admiração, fala-me com tão sábias palavras, repletas de firmeza e exactidão.
Na minha mente acautelo a alegria da tua expressão que, mesmo plácida e hirta de tanta actuação, estremece-me com tão ousados gestos, cheios de amparo e acolhimento.
No meu sorriso abrigo o contentamento das tuas palavras que, mesmo poucas e diminutas de tanta comunicação, engrandecem-me com tão avultados sentimentos, apinhados de ternura e ardor.
No meu olhar acarreto a alegria da tua sabedoria que, mesmo cansada e afadigada de tanta assimilação, ensina-me com tão meigos discursos, recheados de paciência e tolerância.
No meu peito trago o júbilo do teu amor que, mesmo ferido e frágil de tanto engano, apaixona-me com tão assíduas presenças, atulhadas de verdade e clareza.
As minhas mãos, a minha mente, o meu sorriso, o meu olhar e o meu peito, são guardiões de uma pluralidade que se assemelha à perfeição mas, duas índoles embebidas numa singularidade apaixonante, voluptuosa fica essa paixão tão autêntica.





quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Empobrecida realidade

Tenho uma mão tão cheia de sonhos, repleta de fantasias e abarrotada de esperanças, pronta para mergulhá-la num futuro bastante próximo, de sorriso bastante contente. Sou feliz e feliz sempre fui e o meu trajecto de vida permite dizê-lo, mas…
Embora saiba que o mundo é visto de perspectivas desiguais, eu criei a minha visão dele mesmo, abraçado a realidades tão distintas, tão divergentes, tão diferentes, onde coabitam simultaneamente a riqueza e a pobreza, numa linha paralela onde raramente se cruzam.
A pobreza existe devido a inúmeros factores e quando ela é observada por mim, questiono-me da seguinte forma: quantas gentes ficariam felizes por terem um terço daquilo que tenho?
É uma dura visão quando avistamos a pobreza como retrato social, enegrecido e abundante capaz de atingir o outrem, como um vírus que se alastra na sociedade actual. É um fenómeno envelhecido, sempre existiu mas torna-se penoso ouvir as vozes mudas e gritantes das gentes que a sentem na pele, ver as visões cegas e nítidas que elas mesmo não querem visualizar, cheirar as fragrâncias odoríferas e perfumadas que jamais quereriam inalar e, ainda assim, torna-se penoso palpar a pobreza materializada, ouvi-la, vê-la e cheirá-la.
Os seus sonhos são tangíveis, percebem-se e sentem-se na tristeza alegre de cada olhar, na escuridão cintilante de cada sorriso e o meu, passa pela possibilidade de tornarem realidade um dos mil sonhos que guardam em seus corações.




segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Brusca sensação

Quando avisto o sentimento de perda que, apesar de imaturo, com o meu tão humilde olhar, incute-se no meu incansável pensar, continuadamente, mesmo sem nunca apelar à sua manifestação, mas quando pressinto que a minha visão clareada está, a perda acaba por se dissolver nas adulteradas realidades. Quando toco no sofrimento sentido por prognóstico que sempre se sobrepôs aos meus investigáveis instintos, assustadas ficam as minhas mãos de tanto vaguearem, mas quando tenho a certeza que tudo faz sentido, eles enchem-se de tão vincadas veracidades. Ao inalar os odores dos meus amedrontados medos, tudo fica aquém das fragrâncias das minhas perfumadas convicções, mas quando sei que o certo domina as minhas atitudes, aromatizado fica o meu mundo tão contíguo ao de outrem. Assombrado pela insegurança de que, eventualmente, um mero acaso possa arruinar o que de bom construí com o outrem, oiço os mais calados silêncios que chegam aos meus tão sufocantes ouvidos, pois quando sei que o bem está a ser posto em prática, destruída fica a sonoridade dessa tão sombria auscultação. Não quero pressentir que um dia os meus olhos palpem a fragrância de uma gritante perda, pois no dia em que tal aconteça, a minha presente felicidade murchada tornar-se-á.



segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Chegada surpreendente

De um momento incerto, perante a minha solidão inesperadamente avessa e desmedida, atacaste-me de surpresa, quando eu ainda de olhos cerrados estava, entretido a sonhar com a tua chegada. Com a tua presença repentina cingida no encanto da tua beleza, pensava eu que de passagem estavas mas vieste para te enroscares subtilmente na minha vida. A tua vinda surpresa fecundou o inesperado e a sua maior virtude foi o momento inédito que acarretaste contigo para me trazer uma felicidade tão cobiçável, tão admirável, tão contagiosa. Unicamente submersos numa paixão tão desconhecida, começaremos por explorar todos os recantos inexplorados, atingindo uma realização ambígua, gerindo o prazer de nos deliciarmos nessa aventura tão enternecida, tão singular, tão nossa. De mãos dadas percorreremos até os caminhos mais árduos e contíguos, num aproximado futuro, faremos com que o tempo seja exclusivamente nosso, abarcando todas as nossas peripécias, tornando-as inesquecíveis. O meu sorriso acalentado, a minha alegria peculiar e o meu amor translúcido a alguém pertence e, desvendará comigo, uma história recheada de surpresas.