terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Fastidioso

Estou cansado de ser o que não sou somente para deliciar os que me rodeiam. Saturado de desvendar o meu sorriso quando tenho a necessidade de choramingar até fazer emurchecer as lágrimas para que não invadam o meu rosto. Farto de sentir o que eu realmente não sinto, fingindo apenas para agradar o outrem. Enfadado de proferir aquelas palavras tão sinceras e certas repletas de dúvidas, incertezas e desacreditadas, massacradas por conveniência. Aborrecido de tanto tentar granjear a minha alma e sentimentos para alcançar o respeito de todos e tornar-me numa pessoa. Sinto-me afadigado de tanto aprender a articular o que realmente não está bem e tornar essa aprendizagem numa mais-valia. Estou cansado de procurar a melhor perspectiva de um cenário tão denegrido. Saturado de repisar as minhas feridas mentalmente vezes sem conta. Farto de me focalizar unicamente nos meus sentimentos amolgados. Enfadado de recalcar no meu desânimo acabando por me submergir na minha própria arrogância. Aborrecido de sentir aquelas dores no corpo que desconhecia da sua existência. Quero passar a acreditar nas pessoas, nas suas atitudes e gestos gentis, apreciar o seu conteúdo e não a sua aparência, quero finalmente converter o pior desfecho no melhor começo e alterar a pluralidade numa grande singularidade mas estou afadigado.



2 comentários:

Anónimo disse...

Acima de tudo é importante viver a nossa verdade e isso, por vezes, torna-se confuso, doloroso e até insensato.

É importante olhar para dentro, por muito que doa, descobrir o que se sente e o que não se sente, ser-se objectivo; por muito que o caminho até aí chegar seja doloroso, mais vale uma tempestade em terra firme do que viver numa eterna chuva que não molhando, também não seca a alma de pensamentos e acções que não contribuem para o bem do Ser.

Paz no teu coração!

.lipe disse...

Em duas palavras:

- Nem mais!