domingo, 30 de novembro de 2008

Olhar contemplado

Aquele olhar… Vago e denso, invadido pelo silêncio da reciprocidade alheia, aquele que monologa monotonamente numa placitude tão despida e coabitada. Aquele misterioso e risonho, que devaneia nos seus sonhos interrompidos mesmo que seja impedido de ser visto. Infinito e determinado, repleto de angústias e anelos na esperança de ser rememorado assiduamente. Aquele que patenteia um carrossel de emoções, percorrendo aquele passado tormentoso e tão enfeitiçado coberto de peripécias distendidas. Aquele incerto e sensato, presenciando a suspeição de um destino tão endereçado, desconfiado e apreensivo, capturando reflexos atrozes daquele lago tão límpido e puro. Aquele que solta gargalhadas melodiosas emitindo sons suprimidos e que verte lágrimas arruinadas capazes de despedaçar qualquer asfalto. Acanhado e sedutor, meliante nos momentos mais peculiares e excêntrico naqueles ápices tão singelos, possuidor de recessos invulgares, de espaços nunca divagados e curioso pelo que é incógnito. Aquele cheio de ternura e menosprezo, que faz acercar qualquer ser e arredar qualquer iniquidade e que na ardência de um momento singular, arrefece o que se intercede inesperadamente. O que verbaliza as mais mudas visões, o que reflecte os mais indecifráveis entendimentos e o que ampara as mais duras sensibilidades.


1 comentário:

Anónimo disse...

Amei!!! =D